Antonio José
Roque da Silva
Diretor-Geral
do CNPEM

Antonio José Roque da Silva Diretor-Geral do CNPEM

Uma retrospectiva 2020-2021

 

Os anos de 2020 e 2021 revelaram-se atípicos e desafiadores. A eclosão da pandemia da Covid-19, em março de 2020, exigiu a adoção de medidas de distanciamento e isolamento social, visando conter o avanço e a propagação do vírus SARS-CoV-2, que impactaram a operação e as atividades de organizações públicas e privadas em todo o mundo. O CNPEM estabeleceu uma série de ações e rotinas com o objetivo de garantir a segurança dos seus colaboradores, em primeiro lugar, ao mesmo tempo em que buscou minimizar os impactos negativos ao desenvolvimento de seus projetos e atividades. Assim, parte das instalações abertas do CNPEM passou a executar propostas de pesquisa de usuários externos de forma remota, com a equipe interna do Centro recebendo as amostras e realizando os experimentos. Similarmente, foi realizada uma versão piloto do Programa Institucional de Visitas Online do CNPEM, permitindo que pessoas da comunidade externa continuassem a conhecer algumas das instalações do Centro. No âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, os efeitos imprevisíveis da pandemia levaram os países a reorientarem suas prioridades e pautas de pesquisa e desenvolvimento (P&D), direcionando esforços e recursos para atividades de combate à Covid-19. No caso do Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) buscou mobilizar unidades de pesquisa, institutos de ciência e tecnologia e laboratórios espalhados por todo o território nacional, instituindo a Rede Vírus MCTI. O CNPEM ingressou nessa rede como unidade responsável pelo apontamento de fármacos já disponíveis com potencial aplicação na Covid-19 – o chamado reposicionamento de fármacos. Ainda no âmbito da Rede Vírus, o CNPEM projetou e desenvolveu um modelo de protetor facial individual batizado de CNPEM Face Shield. Em outubro de 2020 foi realizada a cerimônia que oficializou o início das pesquisas no Sirius, em que estiveram presentes o Presidente da República e o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, e 2021 foi o ano da instalação e comissionamento das linhas de luz da fase 1-A – MANACÁ, CATERETÊ, CARNAÚBA, MOGNO, IPÊ, EMA e IMBUIA – e o início da construção e instalação das linhas de luz da fase 1-B – CEDRO, SAPÊ, QUATI, JATOBÁ, PAINEIRA, SABIÁ e SAPUCAIA. A linha MANACÁ, que se encontra em comissionamento científico, recebeu diversas propostas de pesquisa em modo de acesso especial (fast-track), ainda que limitando o número de usuários externos no campus.

Desde o início de seu comissionamento científico, o Sirius já permitiu elucidar 12 estruturas de proteínas e forneceu dados para um primeiro artigo publicado por usuários no Journal of Molecular Biology. As atividades de pesquisa interna do CNPEM também permitiram importantes resultados. Dentre eles, destaca-se a publicação da estrutura do vírus Mayaro na revista Nature Communications. O trabalho corresponde à primeira estrutura de vírus elucidada inteiramente no Brasil utilizando técnica de criomicroscopia, feita com o recém-comissionado criomicroscópio Titan Krios G3. Outro importante resultado é o estudo que elucida os mecanismos moleculares de uma enzima envolvida na degradação da xilana, um dos principais componentes da hemicelulose, que também foi publicado na revista Nature Communications.

Dentre os esforços do CNPEM para sustentar um ambiente competitivo de pesquisa, destacam-se:

i) a realização dos estudos para reforma e construção de novas salas com níveis de segurança biológicas 2 e 3 (NB-2 e NB-3), e a aquisição de equipamentos no projeto de Plataformas de Combate a Viroses Emergentes (PCVE) do CNPEM; e,

ii) o início da operação da Instalação de Nanotoxicologia e Nanossegurança (Nanotox), que possui nível de biossegurança NB-2, para atendimento de usuários externos e a aquisição de um novo microscópio eletrônico de duplo feixe, Thermo Fisher Scientific SCIOS 2, visando a contínua ampliação das competências e infraestrutura do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) no âmbito do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO);

iii) conclusão da construção de quatro novas salas limpas para a nanofabricação de materiais no LNNano, realizadas com apoios da FAPESP e FINEP, também no âmbito do SisNANO.

Finalmente, 2021 marca a inauguração da Ilum Escola de Ciência, com a conclusão da formulação do Plano de Desenvolvimento Institucional e do Projeto Pedagógico do Curso; a implantação da infraestrutura de mobiliário para aulas e para o espaço de convivência, livros para biblioteca, equipamentos para os laboratórios de Física, Química, Biologia e uma estrutura de redes de transmissão de dados; a avaliação do projeto pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão vinculado ao MEC encarregado de avaliar instituições de ensino, que atribuiu à escola a nota máxima nesse processo. Frente aos enormes desafios, contamos com o apoio e as diretrizes do Conselho de Administração do CNPEM, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Contrato de Gestão.